Em “Cartas a um jovem terapeuta”, a primeira coisa que Calligaris apresenta como essencial para ser um bom psicoterapeuta é “não esperar a gratidão de seus pacientes”. Lutei muito contra isso! Meu narcisismo de tom professoral me levou, tantas vezes, ao abismo. Hoje, entendo: quanto melhor o terapeuta, maior a independência do seu paciente.
Eu aprendo, dia após dia, a calar mais do que a falar. Aprendo a escutar, mais do que a ouvir. Posso abrir brechas, mas não sem pensar que, logo ali, no sofá à minha frente, há outro ser humano de medos infindos que talvez eu possa tocar, desde que também seja tocada.
A gratidão é minha, toda minha. Pela confiança, pela troca, pelo estreitamento do silêncio e da palavra.
