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FERNANDA CASSIM

(Re)aprender a andar.

Existe uma sentença, uma saudade. A benquerença de um tempo antigo, infinito em si mesmo. Era quando o relógio piscava devagar e esperava o exaspero da carne, o fim da
noite, o último gole.

Eu quero isso que chamo de sempre e que desliza pela memória como se ameaçasse apagar.

Existe um tempo lá atrás onde deixei minhas vestes alegres e um tanto de fé. Hoje me escapam as horas e só o vento corre livre porque desaprendi a correr.

Me resta parar de súbito e – ofegante – reaprender a andar.

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